domingo, 11 de julho de 2010

Onde está a gentileza?


Ontem fui ao cinema com meu namorado e após o filme ele quis ir ao banheiro, fiquei esperando. No curto espaço de tempo pude observar inúmeras ingentilezas, em um local bem frenquentado por sinal.

Ao lado do banheiro masculino tinha um banheiro familiar, para levar as crianças.
Uma mãe estava dentro do banheiro com sua criança e resolveu trancar, ficando com o banheiro para si. Fora, na porta, estava mais uma família que esperava há cinco minutos, pelo menos. A mãe da família que esperava já estava impaciente, resolveu bater na porta novamente por mais três vezes. A pessoa que estava dentro pediu que esperasse, pois iria ficar por mais dez minutos. A que aguardava então começou a falar alto, visivelmente transtornada, perguntando-lhe se havia alugado o banheiro, que isso era um absurdo e pedindo-me para chamar o segurança.
Isso acontecia enquanto uma fila se formava atrás dela contagiada com sua indignação.
Alguns minutos depois chegava mais um pai com uma menininha no colo de uns sete anos de idade aproximadamente. Percebendo a confusão, orientou sua filha que entrasse no banheiro feminino sozinha, pois não poderia ir com ela.
Um tempinho depois uma mulher saiu do banheiro feminino e perguntou-lhe, com ar de repreensão, o porquê que deixara sua menina entrar no banheiro sozinha e que esta estava presa do lado de dentro do box.
Enquanto isso, a mãe que estava dentro do banheiro finalmente saiu falando alto dizendo que ficaria por mais meia hora se quisesse e que ninguém teria o direito de reclamar.
Os seguranças, sem saber o que fazer, olhavam a confusão e o pai se justificava pedindo a moça que tentasse ajudar sua filha, então meu namorado saiu do banheiro e contei em meio a risos o acontecido.

Quando terminei de lhe falar ele disse: Incrível, tudo isso por que ninguém se coloca no lugar do outro. Sabe o que o mundo precisa? De pessoas mais gentis e menos egoístas!

Isso me fez refletir. Como é que pode? Porque escolhemos nos contagiar com atitudes assim? Atitudes de revolta, de indignação, de acharmos que não merecemos isso ou aquilo, que somos melhores que esse ou aquele, pois tenho diploma tal e casa não sei onde, por menor que seja o motivo? Por que escolhemos ser assim a fazer diferença e sermos mais pacíficos, cordiais e servos?
Sim, servos!

Servir está muito longe de ser um escravo e de estar debaixo da autoridade de outro, mas eu consigo ver grandiosidade por trás do servo.
Jesus, que foi Jesus (por mais que não creiam no seu poder e que seja Deus, foi um grande homem, um exemplo de ser humano) lavou os pés de seus discípulos.
Ele poderia ter mandado seus seguidores fazer isso, pois ele era o rei e os discípulos acreditavam nisso, mas não, ele que se ajoelhou e lavou os pés daqueles que aos nossos olhos deveriam fazer isso.
Se cada um se colocasse no lugar do outro... Parece tão simples, mas é justamente o contrario disso que acontece no nosso dia a dia... em uma fila de banco... Em qualquer fila que seja. Em qualquer situação que exija um pouco mais de tempo e esforço seu por outro, por uma causa. Somos incapazes de ser mais gentis e amáveis?! Será que nossos pais não nos ensinaram isso? Como minha mãe diz: "Costume de casa vai à praça.”

Sejamos amáveis, servos e capazes de dizer não as ingentilezas dentro de casa, com os que estão próximos e lá fora será uma extensão do que procuramos ser.



*foto: Ateliê da Paty Morais.

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“Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...” [C. Lispector]

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