quinta-feira, 1 de abril de 2010

Rotulagem


Certa vez ouvi sobre uma teoria que falava de percepção. Esta teoria defendia a verdade de uma percepção geral sobre uma pessoa apenas nos primeiros segundos de contato com outra. Nos primeiros poucos segundos o indivíduo concluía sobre classe social, comportamento e variados aspectos sobre o outro.

Tenho percebido algo muito forte no meu cotidiano que me fez meditar muito e por essa razão resolvi escrever. A rotulagem.

Se os rótulos existem? LÓGICO! Citei essa teoria para comprovar sua existência.
E ja inicio afirmando que particularmente não concordo com eles.

Não estou dizendo que estamos isentos de cair na armadilha de rotular, mas a meu ver, os rótulos não são bons em sua maioria e são equívocos da nossa percepção e definitivamente precisamos evitá-los.

Convivo em um meio bastante estereotipado e tenho visto muito, exageradamente, não só da sociedade, mas da própria universidade (incluindo alguns professores e alunos de outros cursos – até futuros educadores) um PRÉ-conceito sobre o meio da moda.

Pessoas fúteis, preocupadas em gastar roupas caras, que não leem, que só falam besteiras, que decepcionaram seus pais por escolher essa carreira (acredita que eu ouvi isso? ¬¬), que é um curso dispensável para a sociedade, que é um curso voltado somente para a confecção e que não tem nada a ver com o desenvolvimento da sociedade, entre outros.

Com isso aprendi na pele que devemos analisar e nos permitir conhecer e ser conhecidos, buscar saber mais e não perceber somente pela inteligência, mas pelo “toque”, pelo contato.

É perfeitamente aceitável a existencia de pessoas fúteis sim, mas o que é futilidade senão algo que não tem muita importância para a pessoa que julga que isso ou aquilo é fútil?

O respeito é um produto em falta no mercado, não há oferta, não há procura, quase não há quem produza!

Tive a oportunidade de reivindicar com um professor por estar subestimando os alunos da moda que cursam uma determinada disciplina de história e tive uma dor ao ouvir dele que isso sempre aconteceu e sempre vai acontecer.

Meu papel aqui não é levantar a bandeira para defender o meu curso, minha profissão, meus companheiros, usando do partidarismo, mas por concluir sem medo, principalmente por partir de um educador, que não é algo exclusivo do meio que vivo e sim comum por onde passamos. Por isso achei por bem ressaltar aqui este assunto.

Não sei se é por que tenho a “síndrome do querer mudar o mundo”, mas fico indignada com determinados posicionamentos do ser humano.
Acredito que todos nós somos um pouco de educadores na vida dos que estão ao nosso redor. Nossas atitudes e posicionamentos influenciarão e farão a diferença, nem que seja para uma só pessoa!! E que isso para você seja já maravilhoso, como para mim é!

Uma frase espetacular do Paulo Freire é essa:

“Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.”

Sim, este assunto é bastante falado, mas quantos colocam em prática?
Se compreendêssemos como é maravilhoso conhecer e com isso perceber as diferenças e aprender com elas, não teríamos a pretensão de rotular.

Os rótulos limitam o “produto” a uma só função!
É assim que enxergamos as pessoas? Como produtos que se resumem em: falsa(o), a/o fútil, a/o rebelde, a/o superficial, burra(o), perfeita(o)...

Outra vertente, muito grave, é quando as próprias pessoas se resumem ao rótulo que aderiu, sendo ela ou outros que colocaram. Não permitindo a mudança, a “evolução”, o amadurecimento, pois são o que acham que são e enfim, definitivamente são para sempre.

A gente sempre erra, como dizia Paulo Freire, somos seres inacabados, há sempre novos erros a cometer, novas lições a aprender.

Estava passeando por outros blogs e li uma afirmação que me fez discordar profundamente.
Dentre outras coisas, ele falava das pessoas que não concordam com os rótulos, aqueles que acreditam que a rotulagem não deveria existir. Concluia que essas pessoas se refugiam nessa ideia para não ficarem presos ao que falam e ao que são, como pessoas politicas.

Essa colocação nega o fato de que somos pessoas em transformação, como já foi dito milhares de vezes aqui, pessoas que podem sim mudar de posicionamentos e opinião, mesmo que sigam uma corrente de pensamento, pois são pensadores.

Eu, sinceramente acredito que somos seres complexos, personagens redondos (não rasos, na visão literária), cheios de características que mudam com cada circunstância, com o tempo, com as pessoas que convivemos, enfim e na minha concepção, um rótulo é pouco para nos definir.

O que acontece é uma prévia inevitável que fazemos, meio que inconsciente e por essa razão devemos procurar não estabelecer nossas teorias sobre o próximo sem antes entrar em contato de uma forma mais profunda como disse Clarice Lispector. Por amor, por respeito, por inteligência.

Antes de acabar queria deixar uma frase muito boa, que deveria ficar nas nossas mentes e assim influenciar nossas atitudes:

”Pergunte um pouco menos o que seu país pode fazer por você e um pouco mais o que você pode fazer por seu país.” John Kennedy

Natássia Maia.

5 comentários:

  1. Natassia muito bom...
    Nós, seres humanos, temos esse defeito horrivél de etiquetar e na sua maioria é de ouvir de outras pessoas.
    Na verdade temos que nos dar licença para tomar conhecimento a respeito e a partir disso tirar as conclusões, o que também não nos dará o direito de rotular.
    Quando rotulamos alguém ou alguma coisa a qual não vai de acordo com o queriamos ou como que pensamos o natural e de nos afastarmos, mas acho que isso não pode ser uma maneira de fazer comentários desfavoráveis a respeito.
    Nunca quero ver você curada da síndrome do querer mudar o mundo,viu! kkkkkkkkkkkkkkk

    Muito legal! Amei mesmo me ajudou em algumas coisas!
    bjimmmmmmmmmm

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  2. Naaaaat, amei o texto muito mesmo...acho que o pré-conceito é uma falha de conhecimento que as pessoas tem! e a gente sente isso na pele, né?
    Bj-xxxx

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  3. essa minha amiga escritora!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Oii, linda, obrigada pelo elogio, viu? To adorando teu blog, vou parar cada vez mais para lê-lo.

    Em relação ao q vc postou, os juízos de valor atuais estão muito mistos e confusos. O que de verdade é fútil? Há necessidades básicas do ser humano e tudo o que é ligado a isso é essencial, mas o que faz com que o q não seja ligado seja desmerecido? Há vertentes diversas no mundo atual acerca de tudo. Não é porque um curso de moda, que não lida com o que é considerado essencial como área de saúde, humanas, sociais ou o que quer que seja, q vá ser desvalorizado. A arte em si é marginalizada, se vc parar pra analisar. Há conceitos preconcebidos acerca das pessoas que escolhem viver profissionalmente em áreas "incomuns" e, aos olhos dos outros, não produtivas pra todas as camadas da sociedade. É esse o problema, as pessoas não minimizam o sentido e generalizam tudo, acabando por querer comparar às vezes o incomparável.

    Se formos analisar o belo, que está em todos, ele é desprovido de produtividade quanto à coletividade, mas será q isso é realmente relevante? São vários questionamentos. Eu, em particular, acho lindo quem lida com moda. Tem pessoas que vão mesurar outros pontos por não fazer diferença a elas, mas isso não deve ser causa da perda de estima.

    Acho lindo a vontade de mudar o mundo, de impactar. Em um mundo em que os conceitos estão errados em essência, não há como julgar um ao outro, não há como apontar dedos. Devemos pregar o amor genuíno.

    Muito bom texto, adoro transparências. :)

    Bjinhos

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“Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...” [C. Lispector]

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