
Certa vez ouvi sobre uma teoria que falava de percepção. Esta teoria defendia a verdade de uma percepção geral sobre uma pessoa apenas nos primeiros segundos de contato com outra. Nos primeiros poucos segundos o indivíduo concluía sobre classe social, comportamento e variados aspectos sobre o outro.
Tenho percebido algo muito forte no meu cotidiano que me fez meditar muito e por essa razão resolvi escrever. A rotulagem.
Se os rótulos existem? LÓGICO! Citei essa teoria para comprovar sua existência.
E ja inicio afirmando que particularmente não concordo com eles.
Não estou dizendo que estamos isentos de cair na armadilha de rotular, mas a meu ver, os rótulos não são bons em sua maioria e são equívocos da nossa percepção e definitivamente precisamos evitá-los.
Convivo em um meio bastante estereotipado e tenho visto muito, exageradamente, não só da sociedade, mas da própria universidade (incluindo alguns professores e alunos de outros cursos – até futuros educadores) um PRÉ-conceito sobre o meio da moda.
Pessoas fúteis, preocupadas em gastar roupas caras, que não leem, que só falam besteiras, que decepcionaram seus pais por escolher essa carreira (acredita que eu ouvi isso? ¬¬), que é um curso dispensável para a sociedade, que é um curso voltado somente para a confecção e que não tem nada a ver com o desenvolvimento da sociedade, entre outros.
Com isso aprendi na pele que devemos analisar e nos permitir conhecer e ser conhecidos, buscar saber mais e não perceber somente pela inteligência, mas pelo “toque”, pelo contato.
É perfeitamente aceitável a existencia de pessoas fúteis sim, mas o que é futilidade senão algo que não tem muita importância para a pessoa que julga que isso ou aquilo é fútil?
O respeito é um produto em falta no mercado, não há oferta, não há procura, quase não há quem produza!Tive a oportunidade de reivindicar com um professor por estar subestimando os alunos da moda que cursam uma determinada disciplina de história e tive uma dor ao ouvir dele que isso sempre aconteceu e sempre vai acontecer.
Meu papel aqui não é levantar a bandeira para defender o meu curso, minha profissão, meus companheiros, usando do partidarismo, mas por concluir sem medo, principalmente por partir de um educador, que não é algo exclusivo do meio que vivo e sim comum por onde passamos. Por isso achei por bem ressaltar aqui este assunto.
Não sei se é por que tenho a “síndrome do querer mudar o mundo”, mas fico indignada com determinados posicionamentos do ser humano.
Acredito que todos nós somos um pouco de educadores na vida dos que estão ao nosso redor. Nossas atitudes e posicionamentos influenciarão e farão a diferença, nem que seja para uma só pessoa!! E que isso para você seja já maravilhoso, como para mim é!
Uma frase espetacular do Paulo Freire é essa:
“Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.”Sim, este assunto é bastante falado, mas quantos colocam em prática?
Se compreendêssemos como é maravilhoso conhecer e com isso perceber as diferenças e aprender com elas, não teríamos a pretensão de rotular.
Os rótulos limitam o “produto” a uma só função!
É assim que enxergamos as pessoas? Como produtos que se resumem em: falsa(o), a/o fútil, a/o rebelde, a/o superficial, burra(o), perfeita(o)...
Outra vertente, muito grave, é quando as próprias pessoas se resumem ao rótulo que aderiu, sendo ela ou outros que colocaram. Não permitindo a mudança, a “evolução”, o amadurecimento, pois são o que acham que são e enfim, definitivamente são para sempre.
A gente sempre erra, como dizia Paulo Freire, somos seres inacabados, há sempre novos erros a cometer, novas lições a aprender.
Estava passeando por outros blogs e li uma afirmação que me fez discordar profundamente.
Dentre outras coisas, ele falava das pessoas que não concordam com os rótulos, aqueles que acreditam que a rotulagem não deveria existir. Concluia que essas pessoas se refugiam nessa ideia para não ficarem presos ao que falam e ao que são, como pessoas politicas.
Essa colocação nega o fato de que somos pessoas em transformação, como já foi dito milhares de vezes aqui, pessoas que podem sim mudar de posicionamentos e opinião, mesmo que sigam uma corrente de pensamento, pois são pensadores.
Eu, sinceramente acredito que somos seres complexos, personagens redondos (não rasos, na visão literária), cheios de características que mudam com cada circunstância, com o tempo, com as pessoas que convivemos, enfim e na minha concepção, um rótulo é pouco para nos definir.
O que acontece é uma prévia inevitável que fazemos, meio que inconsciente e por essa razão devemos procurar não estabelecer nossas teorias sobre o próximo sem antes entrar em contato de uma forma mais profunda como disse Clarice Lispector. Por amor, por respeito, por inteligência.
Antes de acabar queria deixar uma frase muito boa, que deveria ficar nas nossas mentes e assim influenciar nossas atitudes:
”Pergunte um pouco menos o que seu país pode fazer por você e um pouco mais o que você pode fazer por seu país.” John KennedyNatássia Maia.